segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Se essa rua fosse minha...


Desde pequena, bem pequena, eu gostava de assistir a histórias de casais, de amores, de finais felizes. Acho que toda menina é assim – vai ver é a influência dos contos de fadas...

Uma das primeiras histórias na TV de que me lembro foi da novela Cabocla, que assistia de vez em quando no Vale a Pena Ver de Novo, isso quando meu avô deixava, claro.

O casal da novela era Gloria Pires e Fábio Jr. e o tema dos dois era a música “Se essa rua fosse minha”, uma cantiga popular muito conhecida:

Se essa rua
Se essa rua fosse minha 
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pra ver meu bem passar
Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem

Eu devia ter uns 5, 6 anos, mas me lembro do perfil esguio do Fábio Júnior e da pele morena de Glória Pires na TV ainda em preto e branco da casa de vozinha.




Acho que música, tal qual os cheiros, ficam no nosso subconsciente, e, basta tocar aquele acorde, aquela introdução, escutar a letra para a memória voltar no tempo.

Na minha primeira gravidez eu escutava muita música, muita canção de ninar, músicas clássicas, MPB... Lia tudo quanto era artigo que dizia que isso era bom para o bebê. Numa dessas “audições”, eu escutei essa música, e pensei, que linda, que bela canção! Calma, com uma melodia simples e tocante, seria a nossa música, a minha e a do meu filho. E eu ficava imaginando que ele iria identificar aquele som depois que nascesse.

Quando Rodrigo nasceu, além de sempre colocar os tais CDs pra ele escutar, eu mesma cantava para aqueles olhinhos atentos. E eu lembro bem daqueles olhos fixos em mim, olhos de uma cumplicidade que só as mães podem entender o que isso quer dizer. Ali, nossa conexão era total, e o fundo musical sempre presente embalava as horas de dormir, as mamadas e os momentos em que a gente ficava só “se curtindo” mesmo, admirando um ao outro – o filho inconscientemente descobrindo a figura materna que o carregou no ventre, e a mãe conscientemente deslumbrada, abestalhada, sem saber muito como seria o futuro, mas tendo a certeza de que aquele serzinho ali fazia parte da sua história, da sua vida, da sua alma...

Com Bia, não foi diferente. Apesar dos barulhos da casa serem outros, afinal já havia outra criança, fiz questão de manter nossa história musical presente. Cantar “Se essa rua fosse minha” também me trazia de volta à minha infância, ao meu primeiro momento de mãe, e, com Bia, ao meu momento “mãe de menina”.

E como eu cantava pra minha pequena! Como ela sempre foi mais difícil para dormir do que Rodrigo, eu começava com a música e a letra, depois era só a música: nã- nã- nãaaam- nã- nã- nã- nãaaam- nã- nã- nã- nãaaam-nã... Dava trabalho, mas eu pensava que aqueles momentos passariam tão rápido, que não me incomodava nem um pouco de colocá-la para dormir no melhor estilo “karaokê de uma música só”! :)

Nos tempos atuais, tem uma série muito bacana, preferência dos pequenos, A Galinha Pintadinha. O volume 2 traz  “Se essa rua fosse minha" como fechamento do DVD. Bia reconheceu imediatamente quando viu pela primeira vez: “olha mãe, minha música!”

Só por ouvir isso, já valeu a pena...

É isso, boa semana!



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