sexta-feira, 7 de março de 2014

Uma chupeta e seu tempo.

É o tempo... Tempo de voltar por aqui e retomar as escritas nesse cantinho virtual. Tempo de deixar de lado as redes sociais rápidas e à beira da superfície, para mergulhar um pouco mais nesse blog, e descrever o que vai ficar sempre nesse espaço virtual, sem umidade, poeira, ou qualquer outro intempérie que venha a desfazê-lo com os anos.

O tempo que falo hoje é o tempo de como às vezes, as coisas se resolvem por si só, sem dor, sem dificuldade, sem alarde ou preparação. 

E Beatriz, minha caçula, foi a protagonista desse tempo. Vou começar por quando ela era um bebê de dias, e por insistência dessa mãe, "pegou" a chupeta "a pulso". Tudo para acalmar suas cólicas, fazer o sono render e deixar um pouco de tempo (ele novamente) para que a mãe aqui, no caso eu, dormisse mais.

E lá se passaram meses, 1 ano, 2 anos, quase 3, e a menina tomando cada vez mais gosto pela tal chupeta, que agora já eram duas: uma na boca, outra na mão. Mas, já não é tempo de largar isso? - eu perguntava, mãe de segunda viagem, cujo filho mais velho trocou o tal consolo por um carro enorme com 3 anos de idade, cuja pediatra aconselhava a tirar o quanto antes, para que a dentição, ao seu tempo, vinhesse saudável e sem deformações, fora todas as leituras de artigos e reportagens que falavam que o tempo certo do uso da chupeta era esse ou aquele, etc, etc, etc...

Muito bem, com 3 anos todo o processo de "desmame" foi iniciado. Noites de insônia voltaram a fazer parte da rotina da menina e da mãe, tudo para garantir que aquele objeto da fase oral fosse deixado de lado e a boquinha daquela criança não sofresse as consequências do uso da chupeta ao longo do tempo. Mas não era ainda o tempo... A menina, esperta, conseguiu que a auxiliar desesperada e o pai rendido, desfizessem do trato feito com a mãe durante o fim de semana prolongado e lhe devolvessem aquilo que a fazia ficar mais tranquila, que a acompanhava nos momentos da chegada do sono, a tão cobiçada chupeta. Depois do tempo de trabalho, à noite, quando a essa mãe aqui chegou em casa e viu a chupeta na boca da menina... Foi duro, viu!? Lembro-me de que até chorei, sentindo que todo o sacrifício, as noites sem dormir e o esforço tinham sido em vão... O que eu não sabia é que não era o tempo. Ainda.

E o tempo foi passando. Quando Beatriz estava com quase 4 anos, ocorreram duas crises de vômitos e febre com intervalo de poucos dias, sem causa aparente. Viroses, coisas do tempo, diziam os pediatras. Com saúde não se brinca! Então, fui pra mais um round nessa luta, e negociei com a menina: a chupeta seria só à noite, para dormir. Desse jeito, ela não ficaria perambulando o tempo todo durante o dia, sujeita à contaminação por cair no chão, e rapidamente a menina pôr de novo na boca, sem tempo nem pra lavar! Trato feito, Beatriz só usava o mimo pelo tempo da noite - yes, we can!!!

Mas o tempo ia passando... Será que nunca iria conseguir tirar a chupeta da minha filha? Drama da mãe sem tempo pra pensar em algo que pudesse resolver aquele dilema...

Eis que chegou mais um feriado prolongado, mais um tempo entre mãe e filha, e numa noite, depois de um baile de carnaval, da rotina de dormir cumprida com banho e escovação de dentes, chegou a hora de dar a tal chupeta. E pela milionésima vez, a mamãe aqui fala para a filha: "Bia, quem chupa chupeta é bebê, você já é uma mocinha, nenhuma das suas amiguinhas usam mais, sua boquinha fica tão linda sem chupeta", e todos os outros argumentos que se fosse enumerar aqui dariam muito mais linhas que essas... E eis que minha menina mais madura, e, principalmente, no seu tempo, diz que não vai querer mais a chupeta! Hãn? Como assim? Eu escutei direito?

Primeiro ela pediu pra jogar fora, depois disse, como quem não quer sofrer com despedidas: "não, mãe, eu não quero nem ver..." 

Linda!!!!! Dou-lhe um abraço, com um misto de parabéns e consolo, e escuto sua voz chorosa ainda dizer: "mãe, eu vou sentir tanta saudade..." Ô, minha filha, não sei se choro junto, por solidariedade, ou de orgulho, por sua decisão firme de libriana!

Moral da história: ao seu tempo, tudo se resolveu.