Voltando aos posts sobre músicas, em
homenagem ao meu cantor favorito, Nando Reis, relembrando o CD Drês do ano de
2009, ano em que minha filha, Beatriz, nasceu.
Engraçado como o mesmo CD nos dá reações
diferentes, em épocas distintas das nossas vidas. Hoje curto muito mais Drês do
que naquela época... Talvez tenham sido os hormônios na ocasião. :)
Quem é fã sabe: a música que dá nome ao CD
fala de uma ex-namorada chamada Adriana, e Drês é uma mistura do apelido Dri
com três, que é a quantidade de músicas que o Nando fez para ela nesse disco.
No final da faixa que dá nome ao disco, Nando narra um texto que não dá para
entender, não mesmo, feito propositalmente com esse intuito, de não se
entender... Coisas de Nando Reis.
E ele fala na entrevista sobre essa
música: "É uma narração de um texto quase inaudível, incompreensível.
Propositalmente o texto não estará no encarte. A função dele é uma locação meio
perdida mesmo". E completa, explicando para a equipe da gravação: "uma
voz lá no final, como se estivesse num púlpito".
O fato é que reescutando Drês nesses dias
me deparei com uma vontade de desvendar o que o Nando falava no final dessa
música. Fui até o DVD que traz um documentário sobre o álbum, e eis que o Nando
lê em voz perfeitamente audível. Vamos à letra da música, e à poesia citada no
final:
DRÊS
Nando Reis
Três dias atrás
Tudo era diferente
Três dias pra
frente
Nada vai ficar
igual
E eu tenho medo
É longe demais
Leva muito tempo
Ficou aqui dentro
Não some nunca mais
Foi muito cedo
Somos vegetais
Da flor a semente
Há pedra na gente
Efervescentes minerais
De ouro e vento
Terrenos mortais
Eternos no presente
Impérios latentes
Dos tempos ancestrais
Sonho e segredo
Três dias a mais
Todos drês e urgentes
Três dias somente
Poucos mas fundamentais
Eu te desejo, eu te desejo, eu te desejo,
te desejo...
(Poesia citada ao final, durante a repetição da frase "te
desejo")
"A lua que eu vi morrer nesta manhã
Cravou um botão no céu sobre o asfalto,
Retirou do espaço seu ar em vácuo
E germinou uma moeda viva.
Fiquei a olhar aquela enorme lua, crua,
Nua como uma bruxa que foi feita fada.
Fixei a paisagem com respeito e medo,
Pois da dramaticidade plástica do solo magno
Pendia uma marca tão evasiva que ardia drástica.
Entre a lua e você há um diálogo de sardas.
Uma música feminina que não compreendo inteiramente,
Mas sei que o seu efeito eu gosto e quero,
Você que lá brilhava."
Procurei postar o arquivo da música em
mp3, original mesmo, com o texto no final, mas não consegui... Então deixo um
vídeo no youtube com a apresentação da música num show em 2009. Dá pra perceber
a batida forte e as intervenções da guitarra muito marcantes:
É isso. Boa semana. :)