segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Sobre arquitetura, viagem, imóveis e culinária . Randomicamente falando...

Há tempo queria escrever por aqui sobre a influência da arquitetura dos cômodos na rotina ou na quebra da rotina das pessoas. Muito modestamente, claro, pois esse tema certamente é fruto de várias dissertações, teses, livros e matérias sobre o assunto.

Quando me mudei, comecei a “tomar gosto” por um lugar na casa que não me atraía muito antes: a cozinha. Comecei a me aventurar por essas bandas, e acho que boa parte dessa nova relação foi a funcionalidade que ganhei com esse ambiente em casa. Claro que as necessidades da família, os livros adquiridos, alguns programas no GNT e vídeos no Youtube também foram motivos de maior aproximação, mas antes eu não me atrevia a fazer nada que fosse além do trivial, e muito rápido, mas muito rápido mesmo. E graças a um bom planejamento e estudo de como tornar esse coração da casa mais funcional (thank´s, Thiago Carvalho, arquiteto!), terminei me aproximando mais. Não, não sou muito íntima, mas me viro, e isso me motivou a escrever por aqui, apesar de meu filho dizer que ninguém lê mais blogs... :)

O empurrão que faltava foi a leitura dessa matéria no Estadão, confirmando a influência dos ambientes no hábito das pessoas. Ela fala sobre a oportunidade de viver na casa de umas das referências em culinária do século 20, a Julia Child, autora de livros sobre o assunto. Deve ter sido uma experiência inesquecível entrar nesse lugar, e usar a cozinha, tentando imaginar tudo que foi vivido ali por Julia, sua família e seus alunos.

Esse cenário ainda me deixa mais envolvida, porque além do local (sul da França), tem uma outra referência que é o filme Julie & Julia, que fala sobre uma fã da Julia que decide fazer todas as receitas da sua ídola, que teve seu papel vivido pela mega blaster super atriz, Meryl Streep, de quem sou muito fã! Só isso seria motivo suficiente para escrever sobre ela, mas o cenário, a época e o tema (culinária), não me deixaram outra escolha... :) 

A matéria saiu no Canal Paladar, do Estadão. Deliciem-se e se imaginem nessa cozinha, nesse lugar, porque eu já me imaginei!

Uma semana na cozinha provençal de Julia Child
Repórter aluga a casa construída pela escritora e apresentadora Julia Child na França e passa uma semana cozinhando em sua memória

05 outubro 2016 | 12:45por Julia Moskin
The New York Times
De Plascassier, França

Não é possível dizer se os utensílios ainda não os mesmo de Julia, mas eles ocupam os mesmos lugares pensados por ela. Foto: France Keyser|NYT

Uma vez que a casa funcionou como escola de gastronomia durante muitos anos, não há como saber exatamente quais os utensílios que Julia usou, se é que ainda sobrou algum, mas esse detalhe não me impediu de sentir sua presença ali. A cozinha ainda se parece basicamente com o que mostravam as fotos dos anos 60 e 70, inclusive os batedores, as formas e o tal rolo de massa grande e pesado, tudo pendurado nos seus devidos lugares no painel da parede.
Muitas peças originais continuam lá: meu alho e minhas chalotas ficaram no pequeno recipiente de plástico em que ela marcou "ail echalotes" com um rotulador Dymo. Usei as facas em aço carbono antigas e manchadas, mas ainda incrivelmente afiadas dispostas no cepo que Paul Child fez, sobre a bancada.
Almocei na sacada onde ela alimentou lendas como os autores de culinária James Beard e Mary Frances Kennedy Fisher; nas minhas andanças, segui a trilha de alguns pratos da região que adorava – petiscos como flor de abóbora frita e socca na feira de Cannes; anchova salgada e azeitona caillette em Nice; mexericas inteiras e violetas cristalizadas da Confiserie Florian, perto de Grasse.


A casa La Pitchoune fica nas colinas que se erguem sobre a Côte d'Azur, a 16 km ao norte de Cannes. Foto: France Keyser|NYT


Na sacada da casa, Julia já alimentou lendas como o autor de culinária James Beard e M.F.K. Fisher. Foto: France Keyser|NYT

Descobri que os ingredientes da Provença de Julia Child continuam intactos – berinjelas e folhas de pêssego, limões e queijo de cabra – como também as feiras onde são vendidos, os produtores responsáveis por eles e os vendedores que os comercializam, com direito a dicas culinárias.
Já fora da casa, os sinais da vida dela são difíceis de achar.
Ela nunca foi celebridade na região, segundo seu sobrinho-neto, Alex Prud'homme, que acabou de publicar The French Chef in America, o relato sobre a vida dos Child depois que saíram da França e voltaram para os EUA. "O sul da França é famoso pelo despojamento e as pessoas que moravam nas cercanias não sabiam, ou não ligavam para o fato de Julia-Child-a-estrela-da-TV-norte-americana viver ali", escreve ele, relembrando uma visita de 1976.
A região cresceu, mas as feiras e os ingredientes seguem os mesmos. Foto: France Keyser|NYT

Na Boucherie Fabre, um açougue que fica do lado de fora do Marché Forville, em Cannes, desde 1899 (e onde me aconselharam a comprar músculo para o meu guisado à provençal), tive que reunir coragem para perguntar aos homens atrás do balcão, sérios, roupas manchadas de sangue, se alguém se lembrava dela.
Para minha surpresa, um funcionário meio curvado fez uma imitação até bem boa de Julia Child, erguendo a mão bem alto para indicar que seu 1,88 m a fazia se destacar ainda mais na França que nos EUA.
Em um de seus restaurantes favoritos, o Les Arcades em Biot, a chef, Mimi Brothier, continua preparando praticamente os mesmo pratos desde que a casa foi inaugurada, nos anos 60, como refeitório para os artistas locais. Provei suas sardinhas fritas, os pimentões assados à perfeição e a tradicional soupe au pistou. "Madame Child adorava nossos pratos e enquanto eu estiver por aqui, nada vai mudar", afirma Mimi, nascida aqui em 1934.
Nas colinas ao lado da casa, a vila Châteauneuf de Grasse. Foto: France Keyser|NYT

As mudanças, porém, acontecem em ritmo forte nessa parte da Provença, o departamento dos Alpes Marítimos que inclui Cannes, St.-Tropez e Antibes, além de Nice: desde que os Child se mudaram para lá, fazendas e vinhedos vêm se transformando em campos de golfe e mansões para acomodar as elites internacionais que querem viver na Côte d’Azur. Lojas famosas tiraram os clientes do centro das vilazinhas. Nice, hoje a quinta maior cidade da França, cresceu e engoliu aldeias, vales e campos.
Dentro da cozinha de La Pitchoune, porém, a impressão era a de que pouca coisa mudou. No balcão, longo e cheio de marcas, abri o livro na seção de massa folhada, com o desenhinho de três tabletes de manteiga e um rolo de massa sobre as receitas, exatamente como o que eu segurava, com mais de 60 cm de comprimento e grosso feito um taco de beisebol. "Bata a manteiga com o rolo para amolecê-la", era a instrução.
Eu nunca tinha pensado nisso. Sempre cortava cuidadosamente os pedacinhos congelados e tentei até acelerar o processo jogando tudo no liquidificador em funcionamento (é também um jeito muito bom de garantir respingos de gordura no teto), mas nunca tinha me vindo na cabeça dar umas pauladas na manteiga para submetê-la à minha vontade.
Na cozinha de Julia Child, ainda é possível sentir sua presença. Foto: France Keyser|NYT

Isso, em parte, porque a minha cozinha moderna não tem espaço para uma coleção de ferramentas poderosas como marretas, quebra-gelos e cabos de vassoura – esse último, segundo sua editora, Judith Jones, ficava à mão para quebrar os ossos da canela dos patos e gansos. Nem preciso dizer que o truque deu supercerto, produzindo uma manteiga macia e elástica, mas ainda fria, ideal para a massa.
(Se esses utensílios eram de fato de Julia, não se sabe. A Fundação Julia Child entrou na justiça, em junho, contra o Airbnb, para proibir o uso da norte-americana em uma campanha promocional de aluguel da casa; diz também que a alegação de que os utensílios de sua cozinha continuam "intactos, do jeito que ela os deixou" é falsa.)
Usar sua cozinha e seguir suas receitas durante uma semana me fez lembrar o quanto o preparo tradicional é exigente em termos físicos. "É preciso ter mãos fortes para cozinhar. Você tem que ser durona", disse ela para a Vogue, em 1968, durante uma sessão de fotos.
Com seus livros e programas de TV, Julia Child ensinou os Estados Unidos a fazer cozinha francesa. Foto: Bill Aller|NYT

Forçar legumes fibrosos no moedor, amassar pão e virar a manivela do moedor de carne de aço puro exigem verdadeiro preparo físico. E essas eram atividades básicas na época em que Julia ensinava os EUA a cozinhar, com seus livros e programas de TV, muito antes que as cenouras baby, a carne moída, a massa de pão préassada e outras facilidades estivessem disponíveis em qualquer supermercado.
O casal construiu La Pitchoune (e a apelidaram de "La Peetch") depois da publicação de Mastering the Art of French Cooking, em 1961, que foi um sucesso; eles tinham voltado para os EUA e faziam The French Chef para o WGBH, mas Julia Child ainda estava longe de ser famosa e o casal não era rico.
Por isso, a cozinha de La Pitchoune não é luxuosa, nem espaçosa; não ocuparia nem um canto do famoso "celeiro do entretenimento" de Ina Garten. Com painéis nas paredes e iluminação industrial, não se parece em nada com o cenário apropriado a uma chef famosa, mas tem tudo a ver com o objetivo pelo qual foi montada: uma "oficina" prática para uma cozinheira com um trabalho danado pela frente.
O casal Child se sentiu atraído pela Provença por motivos como: sol, azeitonas, figos, vinho.Foto: France Keyser|NYT

Casa de aluguel. No Brasil, a casa de Nina Horta, banqueteira e autora de gastronomia, em Paraty também pode ser alugada pelo Airbnb. Pela cozinha, toda equipada, espalham-se compoteiras, gamelas e a coleção de utensílios de Nina. Objetos únicos juntados pela escritora nas andanças pelo interior do Brasil.


A irreverente Julia Child
Nascida em 1912, na Califórnia, Julia Carolyn McWilliams foi a americana que, com seu jeito bem-humorado, ensinou os Estados Unidos a fazer cozinha francesa. Ela se apaixonou pela gastronomia da França durante sua passagem por Paris para acompanhar o marido militar. Além de escrever o célebre Mastering the Art of French Cooking (Dominando a arte da cozinha francesa, em tradução livre), apresentou programas de culinária nos EUA. Em 2009, foi retratada no filme Julie & Julia por Meryl Streep. Ela morreu em 2004, dois dias antes de completar 92 anos, e deixou um legado de ensinamentos, bordões ("Bon appetit!") e frases inspiradoras. 

“Pessoas que amam comer são sempre as melhores.”
Sempre alegre, Julia começou a se interessar pela cozinha aos 32 anos. Até então, dizia ela, "só comia".

“Uma festa sem bolo, na verdade, é apenas uma reunião.”

“Se você tem medo de usar manteiga, use creme de leite.” Julia nunca escondeu sua paixão pela manteiga, que, para ela, nunca era demais. Suas receitas chegavam a usar barras inteiras e ela já se pronunciou diversas vezes sobre o ingrediente. “Manteiga nunca machuca”, dizia. Ou "com manteiga suficiente, tudo fica gostoso". 

"Sempre comece com uma vasilha maior do que você acha que vai precisar."
Sempre ávida por novos conhecimentos, Julia cursou a célebre escola de cozinha Le Cordon Bleu, em Paris. 

"A única hora para comer comidas 'diet' é enquanto você está esperando o bife cozinhar."
Julia ainda diz que cozinhar bem não significa fazer "obras primas complicadas ou sofisticadas - é só boa comida de ingredientes frescos". 

“Gordura dá sabor às coisas"
Julia não tinha medo de mostrar que gostava de viver. Isso não significava comer mal ou descontroladamente - para ela, comida boa é comida be bem feita com bons ingredientes. "A vida em si é a farra certa", dizia ela. 

"Eu sempre faço uma massagem generosa com manteiga no meu frango antes colocá-lo no forno. Por quê? Porque eu acho que ele gosta - e, mais importante, eu gosto.”
Sem nunca perder o bom humor, Julia ajudou as donas de casa americanas a perderem o medo na cozinha francesa.

“Eu acho que toda mulher deveria ter um maçarico."
Ele impressiona pelo fogo e pelos resultados. Pode ser usado para caramelizar o crème brûlée, tostar pele de peixe e tirar a casca do pimentão, entre outros truques.

"Uma vez que você tenha dominado uma técnica, mal terá que olhar para uma receita de novo."
Julia mudou o jeito de os americanos encararem a cozinha doméstica com seus livros de receitas,  onde ela apresentava uma versão acessível da sofisticada culinária francesa. Para ela, ninguém nasce sabendo cozinhar - é uma questão de testar e treinar muito.


"O único obstáculo real é o medo de falhar. Na cozinha, você precisar ter uma atitude de 'que se dane tudo'."
Julia foi autora de muitas frases inspiradoras. Quando pediam dicas a ela, eis o que ela dizia: "Este é o meu conselho invariável para as pessoas: aprenda a cozinhar, tente novas receitas, aprenda com seus erros, seja destemido e, acima de tudo, divirta-se!



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Classificados, amor e poesia

Achei esse anúncio de um apartamento em Brasília, no blog www.acasaqueaminhavoqueria.com e não podia deixar de compartilhar aqui. 
Já vi muito anúncio de venda de imóvel, mas nenhum com tanta vida e amor como esse. Alguém se habilita?

VENDO APARTAMENTO NA 416 NORTE

Ao lado do parque, que tem pato e galinha, tem árvores e matinha, que será a maior saudade minha.De frente pro lago, que dá brisa e frescor, memórias de amor, uma vista de primor.
Pra quem adora comer fruta, é pé pra todo lado.

É amora e pitanga, abacate e muita manga, e tem sombra pra estender a canga.
Ao lado tem uma bela jaqueira e, bem perto, pé de boldo e de erva cidreira – bom pra desarranjo, ideal prum desamor.
Ainda sobre folhas, na frente do apê tem uma horta comunitária, feita com muitas mãos, muitas delas pequeninas, excitadas para colher coentro, cenoura, tomate e manjericão.
Da janela da sala dá pra ver que, aos domingos, o céu fica mais rosa e vez ou outra aparece arco-íris. Ou um balão.
A comunidade é especial.
Um zelador que recebe festa surpresa dos moradores, crianças andando de patinete e jogando bola, cachorros empolgados com brincadeiras, vizinha que te chama pra tomar vinho.
Senhores alinhados caminhando, atletas empolgados treinando, adolescentes sentados conversando – ou se beijando.
O prédio tem vista livre pra todo lado, de costas dá pra quadra, de frente para o lago. Não tem elevador, mas possui escadas generosas, que em vez de cansarem, nos preparam fisicamente para os muitos anos bons que ainda virão.
Tem sala com muita janela, que fora a vista de aquarela, permite ouvir bem-te-vis tagarelas.
Dependência, área de serviço e cozinha onde já fiz muito feitiço.
Tem três quartos com bons tamanhos, cabe cama, mesa e banho – especialmente naquele que é suíte.
Em um deles, foi onde Bento nasceu. E agora meu olhos se enchem de água e eu posso te garantir: não deve existir lugar no mundo com mais histórias de amor do que esse canto meu.
O motivo de saída, é que queremos morar no mato, ter mais filho, quem sabe um gato, sair do centro, pra ser mais exato. Mas se você quer um lugar urbano, no meio da floresta, esse querido apartamento é de certo o que te resta.
Se você interesse tiver, me ligue prum café, uma água de côco a gente compra a pé. A gente conversa sobre preço, tempo, vida e o que mais vier.
(61) 9945-0806 – Camila, lé com cré.
(camilamilhomem@gmail.com)
Por gentileza, compartilhem!
sala2
sala
suite
corredor
cozinha
cozinha2
banheiro_social
quarto3'
quartoBento
quarto_Bento2

banheiro


 vista2


vista

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

11 anos


Falar de você é fácil e difícil ao mesmo tempo. Fácil porque te conheço desde os seus primeiros batimentos, difícil porque os sentimentos são tão intensos,  complicados de traduzir. 



A primeira vez que te vi foi tão impressionante, diferente de tudo que podia imaginar, às 9 semanas da sua pequena vida dentro de mim. As mães de plantão sabem do que falo: a gente não dá conta de que está grávida até escutar aquele coração acelerado batendo dentro da gente.  E no seu caso, meu menino, sabemos que você viria "macho" desde o primeiro "contato ultrassônico". Você se deixou ver desde o primeiro dia e, sendo um libriano responsável,  dar todas as pistas para que a gente se preparasse para sua chegada. 




Rodrigo foi o nome escolhido entre tantos nomes femininos anotados antes de saber seu sexo. E a força desse nome traduz sua personalidade: justo na medida certa, desatento na sua fase pré-adolescente,  verdadeiro e amigo com aqueles que convivem com você. Aquele que se quer por perto pra dividir algo bom, pra ter a certeza de que a amizade e a lealdade (sim, você é um pré-adolescente extremamente leal) são características suas.

Voltando no tempo, não tenho lembrança de melhor época na minha vida, do que a sua gravidez e seus primeiros anos de vida.  Não me senti feliz somente,  mas plena em todos os sentidos. É assim mesmo? Amor no sentido mais amplo, mais puro e intenso. Sem condições impostas, sem cobranças, simplesmente amor sem querer nada em troca, de graça. Porque amar aqueles que são a nossa continuidade é desse jeito,  e um dia você saberá o que eu estou falando. 

Falando de hoje, o "nosso" momento é aquele que você se aninha junto à minha mão, transformando-se  no solicitador de cafunés de plantão, negociando a atenção dessa mãe de dois... Momentos nossos, de tempo parado, carinho, amor transbordando, simples assim.



Poderia ficar horas falando desses onze anos ao seu lado, mas posso resumir com uma mensagem da mãe de um amigo seu, pessoas que conheço e que convivem com a gente desde que você tinha 3 anos, depois de você passar um fim de semana com eles:


Parabéns, meu filho, Deus te abençoe sempre.


domingo, 7 de setembro de 2014

Uma casa em movimento

Uma mudança é muito mais do que simplesmente arrumar as coisas de um lugar para o outro, é entender que nada é completamente terminado, concluído ou acabado. Pode-se afirmar isso também das nossas vidas, num sentido mais amplo, o que é ótimo, pode ter certeza.

Há algum tempo, quando tinha 23 anos, vivi muitas coisas simultaneamente: concluía a faculdade de engenharia, organizava os preparativos para o casamento, recebia nosso primeiro apartamento comprado na planta, e havia sido selecionada para o meu primeiro emprego como engenheira recém formada.

Lembro de um momento, passada a formatura, casa pronta, festa de casamento, emprego estabilizado, ter pensado: e agora, o que falta? Tive a clara sensação de ter envelhecido uns bons anos nesse dia... Mas, (thank’s God) ainda havia muito por vir!

E, depois de tantas outras emoções, dos 23 aos 39, o futuro marido virou atual, 2 lindos filhos chegaram, o emprego é outro, amigos foram e voltaram, o mundo girou, os EUA estão sob o comando de um negro, o PT continua na presidência do Brasil, e... a casa com 3 quartos ficou pequena para tantas vontades diferentes. :)

Logo, eis-me aqui a planejar uma nova mudança.

Dizer que eu gosto de mudar de casa é uma ironia – eu detesto. Mas dessa vez é muito diferente, isso porque tive a oportunidade de adquirir um apartamento na construtora em que trabalho. Ou seja, ter a chance de mudar para algo em que eu pudesse intervir como profissional, em que as minhas necessidades e as da minha família servissem de base para construir algo feito especialmente pra atender a isso tudo, é algo além do que eu pudesse esperar ou pensar naquele dia, aos 23 anos...

Ao mesmo tempo, não posso negar, a ansiedade e a vontade de fazer tudo e um pouco mais é grande, é enorme, como também é inversamente proporcional ao tempo e aos recursos para deixar um apartamento de 132 m2 pronto (pronto?).

Mas o que podemos considerar mesmo como pronto? Difícil dizer. Para mim, sendo uma engenheira, convivendo com arquitetos e trabalhando numa construtora que preza pela qualidade e acabamento nos seus projetos, é de se esperar que eu queira e conheça bem o que é o melhor. Até agora, acho que estou conseguindo, e até mais: acho que estou superando minhas expectativas.

Mas, também estou falando de algo pessoal, não só profissional (dá-lhe Faustão), e aí também ocorrem as frustrações, o inesperado, projetos deixados de lado, escolhas não tão boas para encurtar o tempo de mudança (tempo=dinheiro é uma equação real!), além de ter de conciliar os desejos dos futuros moradores, como um pré-adolescente que quer colocar chuteiras em exposição, uma menina fã de Monsterhigh que quer caveiras e espelhos no quarto, um desenhista/tocador de violão (abrigar prancheta, livros e caixas de som num mesmo espaço não é para fracos), além das expectativas dessa dona de casa que vos escreve.

Isso para ter uma casa aconchegante, alegre, funcional, uma casa  realmente viva.

A Habitação, de Vincent Van Gogh

E aí chegamos no ponto crucial, pois como uma casa viva, ela continuará sendo construída, elaborada, mudada, transformada e em constante evolução. Isso porque ela não estará "pronta" quando as paredes estiverem cheirando a tinta, ou quando as luminárias aquecerem o ambiente, ou quando os móveis estiverem no lugar, ou quando o jardim florir perfumando a varanda, ou quando as prateleiras da sala abrigarem os porta-retratos, não! Ela estará se transformando, assim como aqueles que a fazem, que viverão nela. E a impressão que eu tive aos 23 anos só serviu para confirmar uma coisa: a gente não sabe de nada mesmo. Ainda bem! J



A casa é sua, Arnaldo Antunes

sábado, 24 de maio de 2014

Sobre memórias e cheiros

Sabem quando a memória prega uma peça na gente? É quando descobrimos algo inesperado que nos transporta no tempo e nos faz sentir as mesmas sensações de outrora.

Isso particularmente acontece comigo com as músicas: basta tocar o primeiro acorde... e você volta no tempo.  Sempre associei músicas a momentos da minha vida, sempre.

Com os cheiros não é muito diferente,  apesar deles "aparecerem" totalmente ao acaso. Uma comida, um perfume,  o pescoço suado dos seus filhos,  cheiro de café fresquinho... hummmm! Poderia citar vários cheiros marcantes, porém nada pode ser mais associado à memória olfativa do que os perfumes, sem dúvida.

Em 2006, O Boticário (sem merchan) lançou um perfume provavelmente por conta da copa: o Linda Brasil. Só descobri essa fragrância muito depois dos jogos, mas não a ponto de não querer usá-lo assim que provei. Depois que acabou, procurei  para comprar novamente, mas, pra minha decepção,  era uma edição limitada... :(

Depois disso, não lançaram mais... Mesmo na copa em 2010... Sempre perguntava nas lojas e nada.

Mas... Já sabem, né?  Ano de copa no Brasil e O Boticário atendeu aos meus pedidos! :) Linda Brasil de volta! Já garanti o meu na segunda remessa às lojas, pois o sucesso foi tanto que a primeira acabou rapidinho...

Ele é doce na medida, mas mesmo assim gosto de misturá-lo a outro mais cítrico pra quebrar um pouco. Outra coisa, não se pode negar que o perfume misturado à pele tem um resultado único em cada pessoa;  mas quer que ele seja exclusivo mesmo? Misture fragrâncias. Com cuidado, sem exageros, dá pra ter um cheiro só seu! Mas só isso pode render outro post. ;)

Linda Brasil, fique para sempre, ou apareça de vez em quando, pelo menos a cada 4 anos, nós agradecemos. :)

(Post direto do Blogger para celular,  sem texto justificado e sem vídeo - não sei como fazer isso nesse app).

domingo, 6 de abril de 2014

Vaidade x Alergia

E por falar em vaidade, já dizia Vinicius: as feias que me perdoem,  mas beleza é fundamental.  Hoje podemos perfeitamente mudar trocadilho: as descuidadas que me perdoem, mas produção é fundamental! Ou até: as desligadas que me perdoem,  mas informação é fundamental!  :)

Além do apelo constante da mídia pela beleza com programas, propagandas e modelos/atrizes com pele de seda, a quantidade de informação publicada e à disposição é prato cheio para a(o)s vaidosa(o)s de plantão.  Some-se a isso as milhares de informações de blogs, perfis no IG, fanpages no FB, etc., tudo sobre como se cuidar, ficar mais bonita,  e de quebra,  elevar a auto estima.

Na época da minha mãe, o máximo de informação sobre esse tema era encontrado nas revistas femininas,  como Cláudia e Nova, assinaturas constantes lá em casa, e que acompanham até hoje eu, minha mãe e minha irmã.

Mas o motivo desse post é que ultimamente tenho vivido a contra mão desse universo.  Comentando com uma amiga minha,  até acho que ele,  o universo, tem "conspirado" a esse favor, ou melhor,  contra - e eu vou explicar por quê.

Primeiro, amanheci num dia com uma alergia nos olhos no meio de uma viagem de trabalho, com visitas programadas,  dia lotado, imaginem... A salvação foram os óculos de sol! Pra quem não abria mão do rímel antes de sair de casa, isso foi uma absoluta provação!  :)


Máscara para cílios Lash Power - Clinique

E como parei na fila da teimosia várias vezes, intercalando com a fila da vaidade, passei um bom tempo insistindo no meu arsenal de beleza, chegando a comprar maquiagem nova,  com a "desculpa", "fuga", "auto enganação" (quando a pessoa quer,  é fogo!), de que os antigos produtos,  que nem eram tão antigos assim,  estavam velhos e, com isso,  causando a tal da alergia. Como os escritores diziam mesmo? Ledo engano. :)


Sombra Colour Surge Eye Shadow Quad, paleta Pink Chocolate - Clinique

A alergia marcava presença de vez em quando, às vezes uma vermelhidão, outras uma descamação... Até o dia em que meus olhos amanheceram completamente inchados, e eu fui parar na emergência,  pois as 4 doses de Polaramine durante a madrugada não resolveram. :(  Foi aí que eu resolvi  parar de lutar contra a natureza e pedir ajuda profissional.  

Demaquilante Alergic Center

Desde então,  fora alguns meses de privação total de rímel, sombra, delineador e afins, tive que encarar longos 15 dias sem absolutamente NADA, nadinha...  Uma base que seja, um pó sem muita pretensão,  um protetor solar pra combater os efeitos do sol, nada tava liberado! Resultado: manchas mais acentuadas (é, a idade não perdoa mais), pele oleosa, e uma pessoa desesperada por uma solução... 


Lápis Sombra Alergic Center


Mas, graças a Deus, encontrei uma dermatologista que, no meu caso, tinha que ser quase uma PHD em Psicologia, pra me mostrar uma luz no fim do túnel. :)

Primeiro, ela solicitou o teste de alergia pra confirmar o meu drama, e ainda na consulta me deu um kit de amostras grátis com sabonete e hidratante, pra ir testando a reação da minha pele. Saí de lá animadíssima, tal qual criança que ganha a sacolinha de doces nas festas de aniversário... :) Dias depois, ela ainda me apresentou o protetor solar com cor da La Roche, também com amostrinhas... Praticidade misturada à economia - tem coisa melhor?!


Creme Protetor Solar com cor - La Roche-Posay

Depois dos testes alérgicos, nada de alergia a substâncias químicas. Apenas a algumas naturais, como ácaro, pelo, barata, fungo... Acho que pouca gente tolera isso também, né, não?! O médico disse que minha pele é mais sensível que outras, e indicou passar na prateleira de produtos antialérgicos das Farmácias Big Ben (sem merchan), e procurar linha de maquiagem específica para esse fim.

Como não pensar nisso antes?  E o bom de tudo é que eu não imaginava a quantidade de produtos que existem,  e com preços bem acessíveis.  Fora isso,  ele ainda me indicou algumas marcas importadas feitas para pessoas com mais sensibilidade,  essas sim com preços nada amigáveis, mas que são a salvação para as vaidosas e alérgicas. 

E foi aí que surgiu esse post: pra mostrar aqui alguns desses produtos,  e, acima de tudo,  alertar que a ajuda de um profissional é fundamental. Alergia não dá aviso, aparece a qualquer momento da nossa vida, e "teimar" que ela vai passar sem ajuda não resolve o problema.

Além dessas marcas, podemos citar outras aqui como: Dermage, Bare Minerals, Contém 1G, e O Boticário. Ah, e não podemos esquecer da importância da limpeza do rosto e dos olhos antes de dormir: isso é fundamental para a pele respirar e não acumular resíduos, evitando as reações indesejáveis.

E para confirmar esse post, abaixo tem o link para dois casos que demonstram o quanto a maquiagem pode ajudar a transformar uma pessoa, desempenhando um papel que vai além da simples estética, e alcança a elevação da autoestima, e até do desenvolvimento profissional, como vocês vão ver nos casos dessas duas mulheres. Uma professora, e outra modelo. Dêem uma olhada, vale a pena.

http://queminova.catracalivre.com.br/2014/04/08/campanha-mostra-quando-a-maquiagem-transforma-vidas/


Pra terminar esse post, nada melhor que uma música (adorei isso agora). E o CD Vaidade, do Djavan não poderia ser melhor escolha. Não achei a música que dá o nome ao CD, mas Djavan é tudo de bom em qualquer canção, até nessa, Estátua de Sal.


sexta-feira, 7 de março de 2014

Uma chupeta e seu tempo.

É o tempo... Tempo de voltar por aqui e retomar as escritas nesse cantinho virtual. Tempo de deixar de lado as redes sociais rápidas e à beira da superfície, para mergulhar um pouco mais nesse blog, e descrever o que vai ficar sempre nesse espaço virtual, sem umidade, poeira, ou qualquer outro intempérie que venha a desfazê-lo com os anos.

O tempo que falo hoje é o tempo de como às vezes, as coisas se resolvem por si só, sem dor, sem dificuldade, sem alarde ou preparação. 

E Beatriz, minha caçula, foi a protagonista desse tempo. Vou começar por quando ela era um bebê de dias, e por insistência dessa mãe, "pegou" a chupeta "a pulso". Tudo para acalmar suas cólicas, fazer o sono render e deixar um pouco de tempo (ele novamente) para que a mãe aqui, no caso eu, dormisse mais.

E lá se passaram meses, 1 ano, 2 anos, quase 3, e a menina tomando cada vez mais gosto pela tal chupeta, que agora já eram duas: uma na boca, outra na mão. Mas, já não é tempo de largar isso? - eu perguntava, mãe de segunda viagem, cujo filho mais velho trocou o tal consolo por um carro enorme com 3 anos de idade, cuja pediatra aconselhava a tirar o quanto antes, para que a dentição, ao seu tempo, vinhesse saudável e sem deformações, fora todas as leituras de artigos e reportagens que falavam que o tempo certo do uso da chupeta era esse ou aquele, etc, etc, etc...

Muito bem, com 3 anos todo o processo de "desmame" foi iniciado. Noites de insônia voltaram a fazer parte da rotina da menina e da mãe, tudo para garantir que aquele objeto da fase oral fosse deixado de lado e a boquinha daquela criança não sofresse as consequências do uso da chupeta ao longo do tempo. Mas não era ainda o tempo... A menina, esperta, conseguiu que a auxiliar desesperada e o pai rendido, desfizessem do trato feito com a mãe durante o fim de semana prolongado e lhe devolvessem aquilo que a fazia ficar mais tranquila, que a acompanhava nos momentos da chegada do sono, a tão cobiçada chupeta. Depois do tempo de trabalho, à noite, quando a essa mãe aqui chegou em casa e viu a chupeta na boca da menina... Foi duro, viu!? Lembro-me de que até chorei, sentindo que todo o sacrifício, as noites sem dormir e o esforço tinham sido em vão... O que eu não sabia é que não era o tempo. Ainda.

E o tempo foi passando. Quando Beatriz estava com quase 4 anos, ocorreram duas crises de vômitos e febre com intervalo de poucos dias, sem causa aparente. Viroses, coisas do tempo, diziam os pediatras. Com saúde não se brinca! Então, fui pra mais um round nessa luta, e negociei com a menina: a chupeta seria só à noite, para dormir. Desse jeito, ela não ficaria perambulando o tempo todo durante o dia, sujeita à contaminação por cair no chão, e rapidamente a menina pôr de novo na boca, sem tempo nem pra lavar! Trato feito, Beatriz só usava o mimo pelo tempo da noite - yes, we can!!!

Mas o tempo ia passando... Será que nunca iria conseguir tirar a chupeta da minha filha? Drama da mãe sem tempo pra pensar em algo que pudesse resolver aquele dilema...

Eis que chegou mais um feriado prolongado, mais um tempo entre mãe e filha, e numa noite, depois de um baile de carnaval, da rotina de dormir cumprida com banho e escovação de dentes, chegou a hora de dar a tal chupeta. E pela milionésima vez, a mamãe aqui fala para a filha: "Bia, quem chupa chupeta é bebê, você já é uma mocinha, nenhuma das suas amiguinhas usam mais, sua boquinha fica tão linda sem chupeta", e todos os outros argumentos que se fosse enumerar aqui dariam muito mais linhas que essas... E eis que minha menina mais madura, e, principalmente, no seu tempo, diz que não vai querer mais a chupeta! Hãn? Como assim? Eu escutei direito?

Primeiro ela pediu pra jogar fora, depois disse, como quem não quer sofrer com despedidas: "não, mãe, eu não quero nem ver..." 

Linda!!!!! Dou-lhe um abraço, com um misto de parabéns e consolo, e escuto sua voz chorosa ainda dizer: "mãe, eu vou sentir tanta saudade..." Ô, minha filha, não sei se choro junto, por solidariedade, ou de orgulho, por sua decisão firme de libriana!

Moral da história: ao seu tempo, tudo se resolveu.